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  • Writer's pictureKelly Tavares

DIAS INFINDOS DE NOITES SOLITÁRIAS

Updated: Jun 16, 2021

A quarentena é uma prisão esgotante com esperanças em letras maiúsculas. Eu tenho vivido um ano e meio de saudades do amor, enquanto o mundo ao meu redor parece continuar com seus ritmos frenéticos e descuidados. Estou tentando manter minha sanidade, nadando em águas gel-alcoólicas.


Há razões suficientes, para continuar, baseadas em meus amados seres viventes. Mais esperança em conhecer e “Prazer em conhecer”. Embora eu venha sofrendo, reclamo apenas com minhas letras. Pela oportunidade perdida a ansiar pelo amor derramado em uma roupa de cama suja ainda não molhada por mim. Que desperdício de amor, de tempo, de cuidado. Não pude eu mesma sujar ali os lençóis da cama com meu prazer. Tu não me concedestes. Seria demasiado trabalhoso. Lavar lençóis, me levar ao gozo. Paciência.

Mesmo tendo sacrificado meu amor, arrisquei me afogar em seus olhos, quebrando as correntes do isolamento. Assumi riscos, sacrificando minha prisão por uma falsa liberdade. A recompensa recebi em promessas quebradas de mentiras esperadas, como dados viciados. Eu deveria saber. Eu queria me enganar. Talvez você não faça ideia ou pelo menos não queira fazer. Eu sangrei. Eu estanco o sangramento. Eu sei que é o jogo do amor, do qual não sou uma jogadora.



Criaturas solitárias que desafiam a morte andam inseguras como sempre, como antes das pandemias, quebrando sua castidade com mentiras de amor infiel. Amor ordinário de anjos caídos, vinculado a velhos padrões de modelos patriarcais. Que desperdício.


Uma vida viciada em drogas e ciclos viciosos parece manter as almas sequiosas, ansiando por um amor verdadeiro que é mais uma vez desperdiçado. Que desperdício! Não foi dessa vez. GAME OVER! A ficha caiu. No concurso do amor talvez só precisemos nos manter na fila. Afinal há sempre muito o que aprender. Sigo quebrando correntes por seus elos mais fracos.


Cada oportunidade deve ser ÚNICA, embora haja tantas oportunidades na vida. Embora quantas vezes continuem vagando os infiéis e que desperdício! Entre sangue e cinzas de cigarro, o amor é derramado sob a poeira de sua cama. Grudado à gordura de suas paredes. Perdido entre as peças de um velho tabuleiro de xadrez. XEQUE-MATE. Cai a rainha. O cheiro do sêmen mesclado em odores de um banheiro de bar qualquer, como de qualquer esquina. O sêmen alimentando sua inestimável coleção de ácaros. Em meio a histórias de amor perdidas, de seres amorosos infiéis que se fartam. Lastimável!


Sigamos vagando sozinhos, em busca de amor, enquanto buscas uma tábua de salvação ou uma pílula mágica. Continuemos assim, fartos, derramando amores, desperdiçando promessas não cumpridas, ameaças emocionais, culpas desavergonhadas, embora você ainda acredite que mentiras são desculpas justas e inofensivas, como a bebida que te sorves, o alimento que engoles, como pesadelos ou noites escuras que te embalam sem que te apercebas. Noites solitárias como eu e você. Continuemos procurando então, sonhando acordados, perdendo tempo, mentindo pras paredes, falando surdamente; nesse indo e vindo constante, repetindo a vida. A sós. Sigo quebrando correntes por seus elos mais fracos.

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