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  • Writer's pictureKelly Tavares

Mulher goze tudo o que tem direito por ser mulher

Updated: Jun 16, 2021


Estendem-se os grilos em seus tilitares constantes, ocultando no umbral de seus submundos subversos, em suas falas incessantes, as ações e inações de suas desventuras amorosas, suas dores. Com respeito aqui dedico esse texto, à homens e mulheres, com amor, prazer e dor.


Escutem todos vocês atentamente, o prazer feminino não se restringe apenas ao empenho da mulher em proporcionar prazer. Proporcionar prazer não é dar apenas aquilo que se deseja dar ou que se esperaria receber, mas sobretudo dar ao outro aquilo que ela precisa para ter prazer e sentir-se plena. Senão seria como darmos ao outro presentes que gostaríamos de ganhar para usufruirmos do que damos. Não é uma regra fixa, mas quando presenteamos alguém procuramos conhecer o que aquela pessoa gosta e lhes oferecemos o que ela precisa. Parece óbvio não é? Mas na pratica replicamos modelos antigos e patriarcais.


Me pergunto em que toda essa força me encontra e reflito exausta aos constantes ataques ao silêncio sagrado que em mim habita. Minha mente dilata em obsessivos pensares. Aqui me parece hermética a fala assim como truncadas as palavras ao se falar sobre o que trazemos no âmago de nossas entranhas no subsolo de nossos medos e desejos. Sobre o machismo que impera e nos solidifica, emudece. Repete-se em um ciclo vicioso.




Quero escrever sobre o machismo, para em breve, saber falar do que sinto. Precisamos falar de amor e sexo, são necessárias muitas feministas para repetirem à exaustão aquilo que a mulher precisa agir para derrubar no reinado patriarcal.


Mais do que palavras ou admirações sinceras ou vazias de seus dotes físicos e intelectuais, na cama o objetivo é o gozo, o prazer. Como mulher precisamos sentir no parceiro o empenho em descobrir e estimular nossos pontos de prazer; e se esse parceiro não sente prazer nisso, então nada terá valido, pois será a masturbação de maior valia para a mulher.




Não tenham medo mulheres de apontarem o que gostam, de pedir o que precisam e exigirem o que querem para atingir o orgasmo, havendo consenso, se quebra o marasmo e se pode ir mais longe. Afinal já estão cheios de clichês os filmes pornôs, com seus astros masculinos em ejaculações fartas, em bocas cheias de sêmen, que não tiveram muitas das vezes a chance de gozar em retribuição.




Não fazem eles nenhum favor, nem devemos a eles favor algum. Se tens seu tempo próprio de gozo, que envolva massagens sutis ou pegadas fortes, palavras picantes ao ouvido, mordidas quentes, ou chupadas de pé, então não ceda à pouco menos do que te dá prazer real que prolonga-se, aprofunda-te. Caso contrário seguiremos premiadas com o vício machista da predominante mediocridade em contentar-se a te oferecer o que só ele quer, aonde ele se acomoda.


Sendo para ele, o teu gozo, um prêmio a mais, tanto menos ele se esforce, apenas um gozo a mais. Não hesite em pedir mais ou dizer chega, acaso resista ele a fazer do seu jeito e se não for ele capaz, não se culpe, não o puna, talvez não seja ele simplesmente, o seu rapaz. Ou quem sabe terá o rapaz um alívio ao saber que, naquele momento, já basta.


Amor e sexo, como uma arte, requerem dedicação, prática, encaixe, descoberta, tato, sensibilidade, a sensualidade assim estará presente em todos os atos. Nosso corpo, esse instrumento, tocado até vencer a resistência, nos pontos certos, atingindo notas mais profundas, em ressonância com cada momento.



O corpo-instrumento sinaliza e não tem pressa, quando em seu espaço atemporal de prazer pleno. Como se revelam, num mapa do prazer aos poucos, os tesouros e a cada novo desafio, um despertar no outro. O desejo da descoberta.


Contudo, o que percebo de forma preponderante e recorrente é o comodismo masculino com o prazer rápido e fácil. Talvez por medo de "falhar", esbarrar na cama com seus próprios fantasmas, possibilidades de "fracassos" imaginários.


Você mulher, que faminta em jogar, apresenta os primeiros passos, pontos levemente imprecisos no mapa e aos primeiros atos percebe a preguiça do parceiro, um certo desinteresse em escavar algo abstrato, subcutâneo e etéreo, que despertará algo mais profundo em ti. Como se sentes então?


Talvez nesse impasse, por cansaço ou frustração, indignação ou piedade piegas talvez, cedas. Afinal para que perder tempo se ele pode gozar e acabar logo com isso? Terminado ele se achando feliz e ela insatisfeita. Quantas vezes já se viu nessa cena? Quantas vezes terás que repetir esse filme para que aprendas a escrever seu próprio enredo?


Mas pense bem, nenhum bom filme de amor ou de aventuras se faz sem desejo, ensejos, um pouco de expetativa, pitadas de suspense e disposição desperta pelo interesse. Assim como somos educadas a proporcionar prazer, precisamos educar a nós mesmas a NOS proporcionar prazer, para que conheçamos os pontos de nosso mapa, nossos tesouros. Para que dominemos os desafios do jogo do prazer, estimulando ora por comandos, ora através de pistas, ora por enigmas que nos enganam para enfim nos encontrarmos mutuamente, para que possa valer à pena juntos.


De nada adiantam olhos cerrados, diante de promessas distantes, palavras ocas de persuasão ou controle, ameaças, falsos paradigmas ou ceder aos apelos do ego do macho-ferido. É preciso de ambos os lados encarar os fatos, confluir, olho-no-olho e coragem para ser feliz na cama e para além dela.

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